sexta-feira, 23 de março de 2012

Esther Pillar Grossi: O método pós-construtivista

A psicogênese é uma das coisas mais complexas e novas do ensino. Esse é o ponto chave da questão. Ela é a fatia intermediária da aprendizagem entre o conteúdo científico e o processo do próprio aluno, que ele constrói através de circunstâncias do seu cotidiano. O aluno formula hipóteses sobre aquele campo conceitual. Ensinar nada mais é do que ir ao encontro dessas hipóteses, acolhê-las e depois superá-las. 

A psicogênese é essa sequência de passos que um aluno constrói quando quer compreender algo da realidade. A pessoa não compreende esse algo diretamente, com objetividade. Primeiro, é construída alguma coisa meio mítica, meio fantasiosa, mas que é essencial para que se chegue a uma compreensão objetiva.

O construtivismo foi concebido por Piaget e tem características essenciais: o conhecimento se constrói, e não é captado de um bloco ou transmitido de fora para dentro. Ele é uma construção. Essa foi a grande descoberta piagetiana. Contudo, Piaget não incorporou profundamente nem o aspecto social, nem o aspecto cultural na sua visão da construção dos conhecimentos. Ele pensava que construíamos os conhecimentos em contato com o objeto do conhecimento. Vygotsky, Wallon,  Sara Paín  e Gérard Vergnaud  se deram conta de que o conhecimento, em primeiro lugar, se dá na troca, na interação, como uma essencialidade, e em segundo lugar, na psicogênese sobre a qual acabamos de falar. Portanto, é preciso haver uma reformulação completa na forma de ensinar. O pós-construtivismo é o acréscimo, principalmente, da dimensão social nos fenômenos da aprendizagem.
Em primeiro lugar, os professores devem se apropriar de uma proposta que seja solidamente embasada. Se esta proposta for calcada no pós-construtivismo, é preciso se apropriar dessa teoria, e, ao mesmo tempo, dessa prática, para depois realmente aplicar isso em sala de aula. Sem base teórica não é possível uma prática eficiente. Para isso, é preciso muita pesquisa e vínculo entre os educadores os pesquisadores.


IHU On-Line – Recente pesquisa mostrou que o ensino brasileiro é péssimo. A que a senhora atribui esse resultado de fracasso escolar?

Esther Grossi - Ao fato de que as pessoas não colocam como fundamento de sua prática uma base teórica sólida. Os professores misturam inatismo, empirismo, construtivismo e pós-construtivismo. Fazendo essa “salada de frutas”, falta consistência teórica à prática dos professores.

IHU On-Line – No artigo “O inssino no Brasiu è otimo”, a senhora diz que para melhorar o ensino é necessário uma mudança completa no jeito de ensinar. Qual é a sua proposta?

Esther Grossi - Em primeiro lugar, os professores devem se apropriar de uma proposta que seja solidamente embasada. Se esta proposta for calcada no pós-construtivismo, é preciso se apropriar dessa teoria, e, ao mesmo tempo, dessa prática, para depois realmente aplicar isso em sala de aula. Sem base teórica não é possível uma prática eficiente. Para isso, é preciso muita pesquisa e vínculo entre os educadores os pesquisadores.

Bases teóricas da proposta de alfabetização do GEEMPA

Após leitura do exposto no livro de Esther Pillar Grossi, "Didática do Nível Pré-Silábico", é possível salientar que esta proposta não se constitui somente de atividades diferentes para se ter alfabetização, como substituição aos métodos utilizados atualmente em educação. Deve-se levar em conta as concepções que orientam as propostas didáticas... e, um dos grandes erros dos docentes é justamente este: o não fundamentar-se na proposta que aplicam.
Para "utilizar a proposta do GEEMPA, que tem por base os estudos de Emília Ferreiro, tem que se compatibilizar com o quadro mais amplo do construtivismo, tal como proposto pela teoria de Piaget, como uma hipótese epistemológica para a prática pedagógica." (Grossi, p.25) Em outras palavras, se o professor optou pela proposta geempiana, deve basear-se no construtivismo, pois do contrário, escolhendo uma outra teoria qualquer (ex: empirismo), seu trabalho será em vão.
Não faz sentido adequar a 'cartilha' com a prática da proposta de alfabetização geempiana. Porém, tendo conhecimento do eixo da proposta, pode-se inserir certas atividades que não foram sugeridas pelo GEEMPA, desde que não se aprenda por imitação de modelos, associação de ideias ou movimentos, do simples 
para o complexo...


A primeira vertente que distingue essa proposta didática é a da determinação das instâncias que interferem na aprendizagem, interagindo na construção do conhecimento, que são:

* a instância lógica - aquisição de conhecimentos da realidade objetiva, inteligência;


* a instância simbólica ou dramática - organização da realidade subjetiva, inconsciente, os desejos;



* a instância do corpo - o corpo é o lugar onde se realizam as percepções, os movimentos e os afetos, interiorizados para funcionamento das estruturas lógica e simbólica;



* a instância do organismo - o organismo funciona como um aparelho registrador, potencialidade genética, o que caracteriza geneticamente o indivíduo.

Estas instâncias estão inseridas dentro de um contexto sócio-cultural que não deve ser esquecido, bem como o funcionamento e a dinâmica das interligações destas.


Houve época (infelizmente há os que ainda fazem!) em que valorizava-se somente uma destas instâncias, excluindo as demais, porém "o que hoje se considera é a interação entre esses campos: a estrutura lógica, a estrutura simbólica, o corpo e o organismo como responsáveis pela aquisição dos conhecimentos." (Grossi, p. 28) 


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2 comentários:

  1. NOSSA FOI PROFESSOR A MUITO TEMPO E POSSO AFIRMAR QUE QUEREM FAZER DA EDUCAÇÃO UM CENTRO DE UMBANDA. COM CONCEITOS NÃP REAIS BASEADOS MUITAS VEZES EM MOMENTOS COMPLETAMENTES DIFERENTE E LITERALMENTE ORAGANIZADOS COM INTERESSES FINANCEIROS....EM MEU TEMPO ESCOLAR FOI MUITO MAIS FELIZ COM ALGUMAS METODOLOGIAS QUE HOJE ACHAM ATRASADAS DO QUE PERCEBO HOJE ALUNOS FORMADOS OU EM SERIES QUE NÃO CONDIZEM COM A IDADE E NEM FORMAÇÃO POR CAUSA DESSAS INFINITAS METODOLOGIAS QUE QUEREM IMPLANTAR DE QUALQUER FORMA... SABE QUAL É O PROBLEMA DA EDUCAÇÃO PROFESSORES E ENTIDADES EDUCACIONAIS COM A FALTA DE RESPONSABILIDADE NA APLICAÇÃO DE SUAS METODOLIGAS, SEJAM ELAS QUAIS FOREM .... CJEGAREMOS O DIA QUE ESTAREMOS ALTAMENTE FRUSTADOS POR NÃP CONSEGUIR=MOS ENSINAR NOSSAS CRIANÇAS ... AI OUVIRAM UMA VOZ BEM CONCENTRADA..CADA EDUCADOR ENSINE DA FORMA QUE O ALUNO POSSA APRENDER... SERÁ A METODOLOGIA DA LIBERTAÇÃO DE EXPRESSÕES....

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